AVALIE, COMENTE, CRITIQUE; QUERO SABER SUA OPINIÃO

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Gangorra

Viver é brincar de gangorra,
Em baixo, em cima, em baixo, em cima,
Só em baixo, ou só em cima, acabou a brincadeira,
A essência é o movimento,
Para brincar, basta impulsionar para cima, para o céu,
Para o breve momento,
Já sabendo e aceitando a queda,
O chão.

?
,
O desejo, a força,
Em cima, em baixo, em cima, em baixo.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

A vida é uma merda maravilhosa!

Eu sou o tipo de maluco que tenta traduzir em palavras tudo o que vive. É como um esporte, do qual sou amador. Por isso leio muito. Para admirar os craques. Como um peladeiro que quer ver o Neymar jogar. Ou um “tenista” que não perde uma partida dos top ten.

Toda segunda-feira espero pelos textos de dois ídolos meus, craques das letras em plena atividade. A Eliane Brum publica uma coluna surpreendente toda segunda-feira no site da revista Época. O Gustavo Poli

– bem, o Gustavo Poli prometeu publicar toda segunda-feira durante o Brasileirão 2011 uma coluna no seu blog. Com texto de profissional, ele deixa escapar lances de amador. Faz promessas. Publica a coluna de segunda na terça ou na quarta. Em uma semana sem inspiração, fez um texto básico, uma versão light da sua coluna, só pra cumprir tabela. Enfim, é divertido ver um craque enrolado nessas tramas de amador.

Hoje, terça-feira, ainda sem o texto semanal do Gustavo Poli, lembrei que uma vez ele twittou a frase “promessa é dívida” para divulgar uma coluna que tinha sido publicada nos acréscimos do segundo tempo. Imediatamente pensei: “Promessa é dúvida”. E achei a frase bem bonita e verdadeira. Botei no Google, entre aspas. Fiquei um pouco decepcionado, mas não me surpreendi: 23.200 resultados para a frase “Promessa é dúvida”. Não é tanto assim, se compararmos com os 912.000 resultados para “promessa é dívida”.

Uma das diversões do escritor, profissional ou amador, é achar a frase. Não qualquer frase. Mas a frase. A frase exata que berre em silêncio o que o escritor quer dizer. Pois eu criei (criei?) uma variação moderna desse jogo.

O escritor fica do seu jeito habitual. Pensando, pensando em uma coisa por muito tempo. Depois mais um tempão tentando enfiar todo o pensamento em uma frase. E depois ajeitando a frase. Quando não desiste e encontra seu “eureka!”, vai no Google, escreve a frase entre parênteses, e descobre o seu grau de originalidade.

Mais tarde, nesta mesma terça-feira, estava pensando na coluna “Nada é só bom”, da Eliane Brum. (“Nada é só bom”, 12.400 resultados no Google, em grande parte provocados pela coluna.) Mas eu não pensava na frase, e sim no sentido da frase e da coluna. Muitas pessoas se tornam extremamente infelizes ao procurar uma vida feliz. Isso porque entendem que felicidade é uma vida perfeita, sem dor ou sofrimento. E não podem ser feliz porque para excluir a dor tiveram de excluir a própria vida. Para viver – e ser de algum modo feliz – é preciso ter coragem de encarar a imperfeição, a dor e os sofrimentos que vierem.

Ia mais ou menos pensando assim, quando me veio a frase: “A vida é uma merda maravilhosa”. Dois resultados no Google. O primeiro dá num tal de Hi5 que pede adesão. Acima da ficha de adesão uma propaganda que garante seu site na primeira página dos buscadores em dois dias. Suspeito. Não aderi. O segundo resultado, surpresa. Um conto sobre a tristeza da ausência de vida na vida: Mais adiante, ele chora, de Felipe S. “A vida é uma merda maravilhosa!”, frase que me levou ao conto, não estava no conto, mas em um comentário.