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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Religião para ateus, de Alain de Botton


Certa época, muito tempo atrás, a gravadora do cantor João Gilberto contratou um psicólogo para acompanhá-lo. Ao entardecer, entre amigos na Praia de Itapuã, João fala:
– O vento está despenteando os coqueiros.
– Mas coqueiro não tem cabelo – pondera o psicólogo.
– E tem gente que não tem poesia – João encerra a discussão.

A discussão entre novos ateus e religiosos a respeito da existência de Deus lembra a conversa na Praia de Itapuã, sem o fecho genial do João Gilberto. Os novos ateus escrevem livros para provar que coqueiros não têm cabelos. Os religiosos, ofendidos,  retrucam que os coqueiros, sim, têm cabelos, em vez de dizer que a linguagem da religião é poética, portanto não há em seus textos, rituais ou celebrações qualquer afirmação objetiva sobre os fatos ou a natureza das coisas. 

O livro Religião para ateus, de Alain de Botton, passa ao largo da questão sobre a existência de Deus e trata de um problema bem mais real. Ele mostra, com diversos exemplos, como a vida moderna sem religião expõe as pessoas (ateus e não ateus) a uma série de carências que as instituições seculares não conseguem preencher. Em contraste, o autor revela como as práticas religiosas tradicionais ajudavam os fiéis a: 1) enfrentar as principais dificuldades da vida (solidão, medo da morte, ansiedade, falta de sentido, destempero); e 2) desenvolver os sentimentos e as virtudes fundamentais para o bem-estar (gentileza, compaixão, ternura, fé, gratidão, fortaleza). 

A religião (ou religiosidade), quer Deus seja “apenas” nossa invenção quer corresponda a uma realidade externa, faz falta.

Religião para ateus e não ateus – Embora escrito por e para ateus, o livro não se prende ao grupo dos que se dizem ateus. O tema principal é a importância do envolvimento emocional em  práticas religiosas sofisticadas. E, no mundo moderno, boa parte dos religiosos ou não participa de uma rotina de práticas, ou não se envolve emocionalmente com os rituais, tendo perdido completamente a intimidade com as grandes narrativas de sua religião e o amor pelo divino.

Leia aqui trechos de Religião para ateus: