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quinta-feira, 10 de maio de 2012

A arte de ser leve, de Leila Ferreira


Obrigado, Leila, pela sua palestra e pelo seu livro, que me foi presenteado por colegas de trabalho (gentileza).

Quem sabe um dia não fazemos uma convenção dos caminhoneiros que gostam de andar de bicicleta?

Porque também sou daqueles que vieram de caminhão. E andaram pela vida transformando os sonhos em tarefas pesadas. Cada objetivo que me impunha era como uma carga a ser levada a seu destino. Vendo as coisas desse modo, é claro que os revezes do caminho causavam muito mais sofrimento e desespero. E, o pior: a quase incapacidade de curtir a paisagem, sentir o vento soprando no rosto quando tudo ia bem.

Felizmente, depois de muitas dificuldades, já faz uns oito anos, percebi que a carga já tinha sido entregue, e me permiti o sofrimento de admitir que não tinha chegado ao paraíso que imaginava. Na realidade, a vida que eu tanto quis parecia não ter qualquer sentido. Com o caminhão ao lado, parado e vazio, resolvi que não era o caso de inventar mais um carreto. Eu precisava urgentemente  de um novo olhar sobre a vida.

E foi viajando para dentro de mim (com a ajuda dos livros) que descobri que o mais importante, inclusive para a minha felicidade, não era o que a vida podia me dar, mas o que eu poderia oferecer à vida diariamente. Este blog é um apanhado das minhas descobertas e uma homenagem aos meus guias de viagem: poetas, escritores, jornalistas, psicólogos, filósofos, religiosos e compositores inspirados. Se tem uma frase, dentre as tantas que me encantaram, que  melhor sintetiza este novo olhar sobre a vida, a frase é: A vida é perto.

Agora estou aqui, ainda nesta busca, ainda caminhoneiro. Mas também passeio de bicicleta lentamente: reparo no que está ao meu lado, no mar da vida, infinitamente triste e belo porque transitório, frágil e defeituoso como eu. Como escreveu Manuel Bandeira:

Todas as manhãs o aeroporto em frente me dá lições de partir.

Um pouco sobre o livro



A arte de ser leve é uma grande reportagem. A jornalista Leila Ferreira foi a campo conhecer pessoas que, apesar das tristezas vividas, conseguem, de um jeito ou de outro, viver melhor. Conversou também com profissionais (psicólogos, filósofos, educadores, historiadores) que lidam com a questão da felicidade.

Não se trata do conceito popular de felicidade – um prazer constante que só existe nos comerciais e nos sorrisos posados. O livro investiga o que chama de felicidade modesta, ou leveza. A felicidade que convive com as tristezas e sofrimentos da vida. A felicidade que não pode ser buscada diretamente, mas pode vir como efeito colateral do empenho em dar à vida um significado pessoal.

Leila Ferreira examina os comportamentos que, hoje, nos têm desviado do caminho de uma vida mais leve. Vivemos com muita pressa, numa busca frenética por sucesso, produtos e atividades que parecem não ter significado. Os outros viraram meios ou obstáculos que bajulamos ou atropelamos de acordo com a ocasião. Nessa correria, esquecemos o mandamento mais básico que vem sendo ensinado desde o início da história humana pelos sábios - a regra de ouro: amar o próximo como a si mesmo; ou tratar o outro como você gostaria de ser tratado. A arte de ser leve é dividido em capítulos que refletem sobre as atitudes que podem nos fazer retomar o velho, e sempre novo, caminho em direção ao próximo: Gentileza, Bom humor, Descomplicação, Desaceleração, e Convivência.

Um dos méritos do livro é entremear as considerações teóricas sobre a busca do bem viver com a experiência de vida de pessoas bem diferentes que descobriram cada uma seu caminho para a leveza:



Mais leve que meu tio e dona Dalcy, só mesmo Sá Luíza, benzedeira do Vale do Jequitinhonha, que estava com 106 anos quando a entrevistei. Pobre, saúde frágil, encolhida pelo tempo e por tudo que enfrentou ao longo de mais de um século, Sá Luíza, quando questionada do que gostava na vida, respondeu: "Da vida eu rapo é tudo!". Depois de me contar como foi a única história de amor que viveu, e que a fez sofrer muito, suspirou e arrematou: "Ô, vida rica, minha fia!"


Em entrevista à revista Época, o historiador americano Darrin McMahon, autor de Felicidade: uma história, disse que tentar ser feliz é como deitar na cama e dizer: preciso dormir porque tenho um compromisso amanhã. “Nunca funciona. Talvez a melhor forma de ser feliz seja colocar o foco em outra coisa. Fazer algo de que você goste muito, dedicar-se à família, a um hobby, ao grupo à sua volta. Fazendo isso, a felicidade talvez venha indiretamente.”


Leia abaixo outros trechos do livro: