Você pode ter esperança de alegrias, de realizações, de encontros amorosos, e, principalmente, de renascer a cada pancada que a vida possa dar. Mas a ideia de uma vida e um mundo iluminado e perfeito que é vendida nesta época do ano não vai rolar.
Você pode fazer um grande esforço para ser menos estúpido do que tem sido, e desse modo evitar alguns sofrimentos e encontrar alguma felicidade, apesar da escuridão. Mas, mesmo assim, nada está garantido.
Há ainda a esperança de que o mundo melhore, dependendo também do nosso esforço para sermos menos tolos e egoístas. Mas um mundo maravilhoso chegando com data marcada, esqueça. Essa ideia (porque falsa e tão longe do que podemos esperar alcançar) me deixa tão desanimado quanto o oposto niilista de mundo e homens condenados, sem qualquer esperança de sentido.
O natal simbolicamente é uma luz frágil no meio da noite mais longa do ano. Um bebê, uma vela, que precisa de cuidados. Jesus amou, bebeu vinho, defendeu os sofredores, fez amigos; mas também sofreu, foi traído e morreu. A ressurreição é a eterna e frágil esperança, que nada pode sem nossa participação.