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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Pela janela, a morte

Pare tudo. Bem perto da mesa onde trabalho uma senhora foi atropelada e morreu. Ouvi um grito e parei. Tive medo de ir à janela. Depois fui. Vi um ônibus azul; os passageiros saíam, olhavam para trás e se horrorizavam. A minha miopia e a copa da árvore não me deixavam ver o corpo estrangulado pela roda de trás do ônibus. Vi o movimento das pessoas, a chegada da polícia, dos bombeiros, e de uma espécie de grande papel laminado que serviu para enrolar o corpo e atenuar o horror da cena.


Diante do terrível fato de que uma senhora foi atropelada e morreu bem perto de mim, parece difícil acreditar que minha vida seguirá . E no entanto seguirá. Os jornalistas já transformam a morte em notícia, os agentes públicos registram a cena e retiram o corpo para outros trâmites. Logo sairá o ônibus azul e a rua será reaberta para o tráfego, esquecida daquela morte.

Livrai-me, ó Pai, de todo o mal. Livrai, acima de tudo, meus filhos de todo o mal. Mas, já que não tenho outra opção, seja feita vossa vontade.

Felizes os filhos, que não temem pelos pais, e mal temem por si.

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