“E se os outros animais, dobrados para baixo, olham o chão,
[Prometeu] conferiu ao homem uma cara virada para cima, e instruiu-o
a olhar para o céu e a erguer o rosto ereto para os astros.”
Na verdade, meu bom Ovídio, nós homens temos um pescoço feito para virar nossa cara tanto para o céu como para o chão. Se nos curvamos demasiadamente para o chão, andamos cabisbaixos, e sofremos dores agudas no pescoço. Se nos voltamos apenas para o céu, ficamos mais alegres a aliviados das dores. Mas, um belo dia, tropeçamos em um pequeno buraco ou numa simples pedrinha e, que lástima, acabamos com a cara no chão.
Pensando bem... talvez o Deus tenha posicionado nossa cabeça com os olhos mirando reto o horizonte. Em cima de um pescoço flexível, para que na travessia pudéssemos olhar para o céu, para o chão, para um lado, para o outro.
Há também um outro olho com que olhamos para trás. Mas este olho, a memória, consegue olhar pra trás sem nos quebrar o pescoço, com a face ainda voltada para frente, para o horizonte.
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