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domingo, 21 de março de 2010

RETRATO PARA UM ÁLBUM DE FAMÍLIA

O menino de 5 anos ia e vinha no chão da sala montado em seu carrinho. O barulho incomodava a mãe, que tentava lanchar em paz e estava contrariada com a reaparição daquele brinquedo que há muito tempo apenas enfeitava a janela do quarto de empregada.

- Pára, Luiz!

O menino continua em seu divertimento, indo e vindo...trrrrrrrrrrrrr, trrrrrrrrr, trrrrrrrrr...Talvez agora a brincadeira esteja um pouco menos monótona, apimentada pela irritação da mãe.

- Pára, Luiz, você não está me ouvindo!!!

A mãe agora perdeu o controle; dominada pela raiva. Quando o menino vem, se vira rapidamente na cadeira e mete-lhe um cascudo. O menino recua, o carrinho pára. Hesita entre o choro e o deboche, entre o orgulho de deslizar o carrinho novamente e o medo da reação da mãe.

O cascudo não acalmou a mãe, que agora tem mais um motivo de irritação, pois o menino desobediente a obriga a agir assim.

- Por que você não obedece! Só aprende quando apanha! Vai apanhar até aprender!

O pai, sentado à mesa na frente da mãe, que estivera calado até então, provoca:

- Se apanhar fosse educativo, a escola deveria utilizar esse método. Por que você não manda essa idéia pra escola dos meninos?

A esposa está irritada; novamente o marido, em vez de apoiá-la, a criticou na frente dos meninos:

- Eu ensino do jeito que eu sei, é assim que eu faço! – levanta-se, tira o carrinho do menino e devolve-o à janela do quarto de empregada.

O caçula de 3 anos, que estava sentado em sua cadeira, viu a cena. O cascudo, a ameaça, a crítica do marido e a breve discussão. São dados da vida que vai ter que organizar, e reorganizar, de algum modo, na sua cabeça.

(Texto de março de 2008)

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